Frank e Renata eram/são primos. Ela 18 anos ele 19. Estudavam na mesma faculdade. Os seus pais ( Renata) moravam na linda cidade de Lisboa.
Desde a infância que passavam férias um com o outro. Agora, em função de estudarem na mesma faculdade moravam juntos, na casa do Frank, durante o ano escolar, algures perto de Coimbra.
As suas brincadeiras sempre foram inocentes. Como naquela noite em que, sentados no sofá, viam um filme.
Renata, como geralmente fazia, deitava a cabeça sobre o ombro do primo, enquanto esse a abraçava ternamente.
Naquela noite, Renata aconchegou-se mais nos braços fortes do primo. Fechou os olhos por instantes. Aquele perfume vindo do primo a inebriava. Era o mês de Junho. A noite estava quente.
Janela aberta, sentia-se aquela leve brisa que refrescava a casa. Os pais de Frank já dormiam. Os quartos eram no piso superior.
Renata sentia-se bem. Os braços do seu primo que antes apenas serviam de encosto à sua cabeça, agora, mais fortes e musculados, a abraçavam ternamente.

Os seus lábios ficaram a milímetros de distância. O beijo suave, ligeiro, muito carinhoso aconteceu. Depois outro e ainda outro. Cada vez mais arrebatador. Beijos de volúpia, desejo mais puro e apaixonado.
O filme na tv continuava. Nenhum dos dois já o via. O sexo como que por magia tornou a noite lírica de uma beleza impossível de descrever. A janela continuava aberta. As estrelas pareciam querer entrar a fim de serem testemunhas daquela união intensa, pura, indescritível.
De manhã quando acordaram, deitados no sofá, com um lençol cobrindo os seus corpos, levantaram-se com um singelo bom dia prima, tendo como resposta, bom dia primo.
Algo os inibia de falar sobre o que tinha acontecido entre eles antes de terem adormecido. A inocência que os identificava como primos havia sido quebrada. Agora eram dois adultos que, numa noite de estrelas se haviam entregado corporalmente.
O sol da manhã entrava pela janela. Renata entrou no banho. Ideias confusas a “assaltavam”. Olhando o espelho. Perguntava-se; Será que alguém nos viu?!.
Saindo do banho, olhou o seu primo que pretendia entrar no chuveiro. Apenas havia um que servia todos os residentes na casa. Não falou com o primo sobre o que havia acontecido entre ambos.
Renata não amava o primo Frank na acepção que a palavra encerra. Gostava dele sim como familiar, não como namorado ou futuro marido. Frank nutria por ela o mesmo sentimento.
Ambos sabiam que o que se havia passado não era nem mais nem menos que sexo casual. Tinha acontecido simplesmente.
Foi um momento arrebatador em que os corpos se entregaram. Não o coração.
Renata começou a evitar encontrar-se a sós com Frank. Esse notou o facto, pelo que, num raro momento em que isso aconteceu, perguntou:
- Prima: Foi apenas sexo e nada mais?
- Sim. Respondeu Renata. Foi apenas sexo.
Fez-se silêncio. Os olhares límpidos que antes se encontravam eram agora figuras decorativas.
Olhares em baixo, sem fixação, quiçá tristes por saberem que nada mais iria existir entre eles. Nem a cumplicidade que antes existia, a nível familiar, jamais seria a mesma. Havia sido pura química momentânea.
Terminou o ano lectivo. Ambos passaram com distinção. Renata no ano seguinte alugou um quarto com mais duas amigas. Já não era possível residirem na mesma casa. Tanto ela como Frank sabiam que eram apenas primos e nada mais.
Uma noite Renata sonhou que alguém tinha colocado um lençol sobre os seus corpos. Nunca chegou a saber se havia sido o primo Frank, a sua mãe ou o seu pai.
Também o que interessava isso?